Sete jurados definiram, na última sexta (13), o destino de Getúlio Vargas: foi condenado pelos crimes de que foi acusado.
Na última sexta-feira (13), nas dependências da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), aconteceu o tão esperado Júri do ex-presidente Getúlio Vargas. Após pouco mais de três horas e meia de apresentação da Promotoria e da Defesa, os jurados analisaram o caso e, por 4 votos a 3, decidiram pela condenação do réu.
O Júri, comandado pelo Juiz Luís Cláudio Izídio Costa, teve início com a leitura da acusação ao réu. Na sequência, foram escolhidos, sendo que cada parte tinha direito à recusa de até três pré-selecionados, os sete jurados responsáveis pela definição do caso: Rebeca Lessa, Ryan Oliveira, Gabriela Tavares, Beatriz Teodósio, Diogo Muniz, Gustavo Costa e Felipe da Silva.
O passo seguinte foi protagonizado pelos integrantes da Secretaria da Vara, que convocaram as dez testemunhas (cinco da Promotoria e cinco da Defesa, intercaladas) para responderem às perguntas dos advogados.
Os interrogados foram Nilo (médico e militar, testemunha da Promotoria), Nero Morais (ministro do governo Vargas, testemunha da Defesa), Judite (alemã que veio ao Brasil por causa do nazismo, da Promotoria), Viriato Vargas (irmão de Getúlio, da Defesa), Monteiro (militar, da Promotoria), Juracir Fortunato (mulher de Gregório Fortunato, da Defesa), Júlia (jornalista durante a Era Vargas, da Promotoria), Severino Silva (morador do Brasil durante a Era Vargas, da Defesa), Walfrido Mares (estudante de Direito, da Promotoria) e Alda Stein (estudante alemã, da Defesa).
Após a perguntas feitas às testemunhas, o próprio Getúlio Vargas respondeu a perguntas tanto da Defesa e quanto da Promotoria.
Depois, o Juiz concedeu 10 minutos de recesso. Terminados estes, participantes do Júri e público voltaram ao auditório para continuação. Deu-se início, então, à sustentação oral dos advogados, primeiro da Promotoria, depois da Defesa.
O primeiro a falar foi Gustavo Silva, seguido por Felipe Ribeiro da Silva e Isabela Flor da Rosa. Os três utilizaram menos de 20 minutos para explicar as acusações feitas ao réu, tendo por base o texto que entregaram durante o processo.
Também tendo por base o texto entregue durante o processo, o advogado Matheus Medeiros Richartz falou durante cerca de 10 minutos, sendo seguido por Bruno da Cruz Dorneles e João Cleber de Faria, completando também menos de 20 minutos no total.
Chegando ao final do Júri, aconteceram dois fatos inusitados. Por volta de 11h05, cerca de cinco pessoas do público exaltaram-se e correram em direção dos promotores, gritando palavras de ordem favoráveis ao réu. Assim que perceberam a movimentação, os policiais presentes no local contiveram os manifestantes, retirando-os do auditório.
Poucos minutos depois, algo mais sério aconteceu: um homem também do público deixou seu assento com arma em punho, novamente gritando a favor de Getúlio. Desta vez, os policiais tiveram mais trabalho para apaziguar a situação, mas obtiveram êxito: após ser dominado, ele foi algemado por conta de sua periculosidade, como explicou o Juiz no momento da ação.
Passados os sustos, a sessão pôde transcorrer normalmente até seu encerramento. Foram expostos os últimos argumentos por ambas as partes para que os jurados pudessem julgar o caso de maneira completa.
Até que o grande momento chegou. Após mais de três horas e meia de sessão, o Juiz anunciou a pergunta a que os jurados tinham de responder: "Getúlio Vargas é culpado?". A partir do anúncio, os integrantes da Vara Isabelly Sperandio e Jhonata dos Santos entregaram duas cédulas (em uma escrito "sim" e, em outra, "não") a eles, que depositaram em uma caixa suas respectivas escolhas.
Bastante acirrada, a contagem foi feita pela secretária Isabelly, que a cada cédula retirada da caixa falava ao microfone. Após o empate por três a três, ela revelou o último voto, lendo um "sim". Os promotores, apesar de contidos, comemoraram a decisão, enquanto os advogados de Defesa mostraram-se abalados.
O Juiz decretou, então, a prisão de Getúlio Vargas, que foi algemado pelos policiais que lhe escoltavam e retirado do auditório enquanto era encerrado o Júri.